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domingo, 8 de agosto de 2010

Edificio Tupi "Balança mas não cai" Belo Horizonte - MG - 2010

Centro. Em reforma, um dos edifícios mais marcantes de BH já possui centenas de pessoas na fila de espera




Mil querem morar no "Balança"

Fachada renovada chama a atenção de quem passa em frente ao prédio



RAFAEL ROCHA

Basta uma esticada de pescoço na esquina da avenida Amazonas com rua Tupis para a curiosidade vir à tona. Um prédio feio, sujo e abandonado que enfeava a paisagem agora transformou-se num edifício promissor, com fachada em granito, pintado de verde e provável endereço de várias famílias de classe média daqui a alguns meses - a fila de espera já possui cerca de mil inscritos. Trata-se do famoso "Balança, mas não cai", cujo nome de origem (Edifício Tupi) combina muito mais com seu estado atual.

                    Os tapumes ali instalados atiçam a curiosidade dos pedestres. A reportagem de O TEMPO teve acesso à obra e presenciou o estado da reforma, que irá compor a revitalização do centro da capital.

                No passado, era comum as pessoas terem medo de passar próximo ao prédio, pois algo podia cair lá de cima. O aspecto degenerado alimentava ainda mais sua fama de reduto de pedintes. A origem do apelido "Balança, mas não cai" é incerta. Há quem diga ser devido ao movimento das nuvens, que conferia essa impressão àqueles que frequentavam a região. Moradores antigos do centro afirmam que um grave problema na estrutura fez com que o prédio "balançasse, mas não caísse", provocando um afundamento do edifício e o posterior abandono dos comerciantes.
               Agora, o prédio encontra-se mais firme do que nunca. Após um empresário comprar o edifício em 2008, uma reforma foi iniciada para a instalação de 62 apartamentos residenciais. As unidades, de 40 metros quadrados em média, serão vendidas a um preço em torno dos R$ 150 mil. "A obra deve acabar no fim do ano", prevê Teodomiro Camargos, proprietário do imóvel.
               Questões burocráticas têm adiado a venda dos apartamentos. Como o imóvel antes era de uso comercial e possuía vários donos, o atual proprietário teve que regularizar a documentação de cada um deles e pedir alteração do uso do tipo de uso do edifício, fatores que acabaram gerando atraso - tudo deve ficar pronto em janeiro.
            A revitalização do edifício continua em andamento. Uma loja irá ocupar subsolo, térreo e primeiro andar. Do 2º até o 17º pavimento, todas as paredes foram demolidas. As separações entre os apartamentos serão em alvenaria, mas os cômodos internos terão paredes em gesso. "A loja será entregue primeiro, ainda neste semestre", informa a engenheira Denise Bicalho, que trabalha na reforma.
            A ligação sentimental do empresário com a região foi um dos motivos que o levaram a comprar o imóvel. "Passei minha infância no centro. Meu lazer foi aqui. Fazia compras na galeria do Ouvidor", diz. Apesar do apelido pejorativo do edifício, Camargos diz que nunca teve medo do insucesso. "As pessoas gostam do nome. Não vou fazer esforço para tirar. Até no Google Maps consta".

Edifício vira tema de documentário

A riqueza histórica do "Balança, mas não cai" vai ser o mote de um filme a ser lançado ainda neste ano. A intenção do proprietário em registrar as etapas da obra acabou dando vida a um documentário, que encontra-se em fase de produção. Parte do material colhido até então será exibido em maio, numa cerimônia de entrega simbólica da obra.

"Vamos abordar questões sobre memória e a lenda em torno do edifício. Temos depoimentos de gente que morou lá", conta Leonardo Barcelos, diretor do filme. (RRo)


Foto: alexandre guzanshe
Fonte : Jornal O TEMPO

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